A musicoterapia é uma área
relativamente pouco conhecida no Brasil, apesar de ter sido introduzida aqui há
aproximadamente 35 anos, é uma profissão de nível universitário que conta com
cursos de graduação e pós-graduação (lato sensu)
espalhados pelo país, sendo que duas graduações e uma pós-graduação são
oferecidas na cidade de São Paulo.
Como uma das maiores autoridades mundiais no assunto, Rolando Benenzon define a
musicoterapia como
“... uma psicoterapia não-verbal que utiliza o som, a música
e os instrumentos córporo-sonoro-musicais para estabelecer uma relação entre
musicoterapeuta e paciente ou grupos de pacientes, permitindo através dela
melhorar a qualidade de vida, recuperar e reabilitar o paciente para a
sociedade” (2000, pg 26).
O que fundamenta o trabalho musicoterapêutico do autor é a afirmativa de que
cada ser humano possui uma “identidade sonora” (ISO), que o caracteriza. Refere
que a partir do momento da concepção o ser humano é rodeado por um conjunto
infinito de energias sonoras como vibrações, movimentos, sons e músicas que,
atrelados às emoções, sensações, experiências de vida e vivências relacionais
do indivíduo, vão “delineando” esta identidade (Benenzon,1998).
As energias
sonoras inserem-se em nível inconsciente, pré-consciente e consciente e tendem
a movimentar-se.
A musicoterapia permite a abertura de canais de comunicação
por onde estas energias sonoras se movimentam e são trabalhadas
terapeuticamenteNa
atualidade a musicoterapia brasileira é quase que exclusivamente ativa, focada
no “fazer musical”, ou seja, paciente e musicoterapeuta tocando juntos,
comunicando-se através dos sons, da música, do movimento e de todas as
possibilidades do contexto não-verbal.
Os atendimentos podem ser realizados
individualmente ou em grupo, dependendo da necessidade de cada idoso, que será
avaliada pelo musicoterapeuta.
As sessões são realizadas de forma que o
musicoterapeuta auxilie o paciente a comunicar-se através de seu corpo (dançar,
bater palmas, movimentar-se segundo a música), de sua voz (cantar ou emitir
sons) e dos instrumentos musicais (segurar, explorar e tocar).
Geralmente
trabalha-se com instrumentos simples, de fácil manuseio para o paciente, que
conseqüentemente facilitem e estimulem sua produção corporo-sonoro-musical.
São
utilizados tambores, pandeiros, chocalhos, guizos e outros instrumentos de
efeito sonoro. Estes instrumentos podem ser substituídos de acordo com a
particularidade e a necessidade do paciente em questão, podendo ser utilizados
os de sopro (como flautas e gaitas), os de cordas (violão, por exemplo), aqueles
feitos pelo próprio paciente e até mesmo o piano (ou teclado eletrônico),
levando-se em conta a identificação do idoso com este ou aquele instrumento ou
som, seja pela simples apreciação, seja porque ele é ou porque no passado foi
instrumentista. Devemos lembrar que o corpo e a voz também são instrumentos
musicais importantíssimos no processo musicoterapêutico.
Através dos movimentos corporais, da dança, do canto e da produção
sonoro-musical nos instrumentos o paciente “faz música” junto com o musicoterapeuta,
sem ter que se preocupar com a estética musical, ou seja, o canto, a dança, ou
a execução do instrumento não tem que obedecer aos padrões estéticos musicais
convencionais.
Não se espera que o paciente toque um ritmo correto, cante
afinado ou realize coreografias elaboradas nas sessões de musicoterapia. O
musicoterapeuta tem uma “escuta” diferenciada onde o fator mais relevante é a
inter-relação da produção corporo-sonoro-musical do paciente e de seu histórico
de vida sonoro-musical, inseridos no contexto terapêutico. Sendo assim, em
musicoterapia, o foco não é “ensinar” a cantar ou tocar.
Eventualmente algum
paciente se interessa tanto pela música que decide aprender um instrumento ou
fazer aulas de canto; então ele deve procurar outro profissional, o professor
de música para atendê-lo nesta necessidade. A necessidade terapêutica continua
por conta do musicoterapeuta.
Fonte: Centro de musicoterapia Benenzon Brasil
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